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Patrícia Souto
Escrito por:

Patrícia Souto Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica

Sentes medo do parto?

O parto é um dos acontecimentos com mais impacto na história de vida das mulheres e das suas famílias. Por ser uma experiência desconhecida e imprevisível, causa nas mulheres expectativas, que influenciam a forma como se sentem ou se comportam. Para um número significativo de mulheres, uma parte importante dessas expectativas é influenciada pelo medo que sentem em relação ao parto, com potenciais prejuízos para a sua saúde e bem-estar, antes e durante a gravidez, assim como durante e após o parto.

E é, por isso, que precisamos falar sobre o medo do parto…e sem medos!

O que é o medo do parto?

O medo do parto é o medo associado ao parto vaginal e tem sido descrito como um continuum, a partir de um baixo nível de preocupação ou medo até à fobia. Ou seja, ao medo do parto podem ser atribuídos diferentes níveis, como: medo baixo, medo moderado, medo severo e medo fóbico. Outras distinções no conceito incluem o medo do parto primário, relativo a mulheres que nunca pariram e o medo do parto secundário, referente a mulheres cujo medo advém de uma experiência anterior de parto traumática ou negativa. Entretanto, tocofobia é o termo usado para designar o medo do parto fóbico. Contudo, a definição de medo do parto é ainda hoje uma equação sem uma resposta exata.

Quais as causas do medo do parto?

A origem do medo do parto é multifatorial e pode estar relacionada com estados de ansiedade e/ou com outros medos mais específicos. As causas do medo do parto variam e dividem-se entre aspetos pessoais e aspetos relacionados com o contexto/ambiente. Na tabela seguinte estão identificadas as principais causas:

  • Medo de lesões físicas para a mulher e/ou feto ou recém-nascido
  • Medo da morte
  • Medo da dor do parto
  • Falta de confiança da mulher no seu corpo e na sua capacidade de parir
  • Falta de envolvimento na tomada de decisão durante o trabalho de parto e parto
  • Medo da perda de controlo durante o trabalho de parto e parto
  • Medo do desconhecido
  • Falta de confiança nos profissionais de saíde
  • Medo das intervenções obstétricas

Quais os fatores de risco para o medo do parto?

Muitos dos fatores de risco para o medo do parto são assuntos altamente sensíveis. Por um lado, existem os fatores pessoais como traços da personalidade, problemas de saúde mental anteriores ou associados à gravidez (transtornos de ansiedade, depressão, stress) e experiências anteriores de trauma, abuso ou violência física e sexual. Por outro lado, existem as circunstâncias sociais, como a falta de apoio social, a vulnerabilidade económica e o desemprego.Contudo, o mais significativo fator de risco para o medo do parto nas mulheres multíparas (que já pariram) é uma experiência de parto anterior negativa ou traumática.

Quais os efeitos do medo do parto?

O medo do parto pode afetar negativamente a saúde e o bem-estar das mulheres, com repercussões na sua vida diária e a longo prazo nas suas relações. Pode também afetar o envolvimento da mulher durante a gravidez e no parto. Ao medo do parto também se associam maiores taxas de desfechos obstétricos adversos, como trabalhos de parto mais longos,complicações obstétricas e cesarianas “eletivas” desnecessárias.

O medo do parto é também uma das principais causas para uma experiência de parto negativa, com consequente possibilidade de desenvolver estados de depressão pós-parto.Compreender o medo do parto como uma resposta a uma experiência de parto anterior negativa ou traumática significa considerá-lo como o resultado de uma perturbação de stress pós-traumático. Assim, estas duas condições interrelacionadas poderão influenciar não apenas a forma como o período do pós-parto é vivido, como a decisão de engravidar posteriormente e a opção por uma cesariana num nascimento futuro.

Como apoiar as mulheres com medo do parto?

Atualmente, o medo do parto não é um foco de atenção principal dos cuidados de saúde às mulheres em idade fértil. Porém, são muitos os profissionais de saúde que diariamente mobilizam esforços no sentido de promover o parto normal e proporcionar experiências de parto mais positivas. Assim, se reconhece a importância de identificar as mulheres que manifestam sentir medo do parto e apoiá-las através de estratégias únicas ou combinadas que o façam atenuar ou mesmo eliminar, junto de profissionais qualificados como a sua Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica. Acreditamos que o foco desse apoio estará na capacidade de superação, na confiança, na liberdade de escolha e no sentido de competência das mulheres para o parto normal, através de estratégias que as ajudem a descobrir, em si mesmas, os recursos para melhor se adaptarem à experiência do parto.

Aqui ficam algumas dessas estratégias:

 – Acesso a uma informação completa, adequada e baseada na evidência sobre o trabalho de parto e parto, através de encontros/workshops/sessões de preparação para o parto individuais ou em grupo.

 – Visita ao bloco de partos.

 – Elaboração de um plano de parto.

 – Análise de experiência(s) de parto anterior(es), os sentimentos e as crenças associadas.

 – Treino de técnicas de relaxamento

Mensagem Final

É necessário que haja uma maior conscientização sobre o medo do parto de todos os intervenientes para reduzir o estigma das mulheres ao expor os seus medos em relação ao parto normal, sobretudo quando grávidas. É, também, fundamental que as mulheres percebam que só beneficiarão de apoio se se sentirem capazes de discutir livremente os seus medos. Como Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica percebo que, nos dias de hoje, muitas grávidas com medo do parto têm feito chegar a sua “voz” aos profissionais de saúde porque estão conscientes daquilo que sentem e das suas necessidades face a um estado de vulnerabilidade que limita a sua experiência de gravidez, do parto e da maternidade.

Portanto, falar sobre o medo do parto significa querer melhores experiências de parto para as nossas mulheres, o que nos faz acreditar que falamos de questões importantes para a sociedade civil, profissionais de saúde e decisores institucionais e políticos.

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