Rita Rosado dos Santos Interna de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, CHULN - Hospital Santa Maria; Colaboradora do Banco do Bebé
Rebentar as águas: O que fazer e o que é a amniotomia?
O saco amniótico, frequentemente chamado de bolsa de águas é a cavidade na qual está contido o líquido amniótico, que rodeia o feto durante a gravidez. Este líquido é produzido a partir da urina do próprio bebé e tem funções importantes para a sua proteção, formação e desenvolvimento, razão pela qual é conveniente que a bolsa de águas se mantenha intacta até ao final da gravidez.
O que se chama rebentar as aguas na gravidez?
Rebentar as águas é o termo utilizando quando a rotura da bolsa ocorre de forma espontânea. A rotura da bolsa de águas não implica necessariamente a saída de todo o líquido amniótico.
O que significa amniotomia?
A rotura da bolsa de águas pode ser feita artificialmente pelo médico ou enfermeiro especialista, num procedimento designado por amniotomia.
Em algumas situações o local da rotura é pequeno, permitindo apenas a saída de uma escassa quantidade de líquido. Noutras situações, a rotura ocorre numa porção superior da bolsa de águas, mas o corpo (mais frequentemente a cabeça) do bebé funciona como uma espécie de “rolha/tampão” que contém o líquido e impede que este saia.
Quando e porque é que se realiza uma amniotomia?
A rotura da bolsa de águas pode desencadear contratilidade ou intensificar a contratilidade já existente, por isso pode ser realizada, quando já se atingiu alguma dilatação, como forma de facilitar a progressão do trabalho de parto. Consiste na realização de um pequeno buraco na bolsa de águas, utilizando um instrumento próprio. O procedimento pode causar algum desconforto à gravida, já que é feito por via vaginal (como se fosse um toque vaginal), mas é indolor para o feto.
Como sei que rebentaram as águas? Quais são os sintomas após?
A manifestação mais comum de que ocorreu a rotura da bolsa é a saída de líquido pela vagina. Esta perda pode ser bastante evidente, com saída de uma abundante quantidade ou mais difícil de percecionar, se a quantidade de líquido que se exterioriza for pequena. O liquído amniótico é habitualmente transparente e sem cheiro, mas pode vir acompanhado de sangue em pequena quantidade e ter um aspeto mais rosado.
Sente-se dor quando rebentam as águas?
A rotura da bolsa não provoca dor, contudo quando rebentam as águas as dores podem ser maiores – a rotura que ocorre porque o trabalho de parto se está a iniciar, pode estar associada a contratilidade uterina e isso sim causar dor.
Menos frequentemente, a mulher pode não ter perceção de que ocorreu a perda de líquido e a suspeita é levantada na altura em que se realiza uma ecografia e se constata a diminuição ou ausência de líquido amniótico.
Rebentar as águas é sangue ou quando rebentam saem verdes?
Quando a rotura é acompanhada pela saída de sangue vivo ou quando o líquido apresenta uma cor amarelo-esverdeado ou acastanhada a deslocação à urgência deve ser feita com a menor brevidade possível.
Se existe dúvida sobre a rotura pode ser útil remover a roupa interior e visualizar se continua a existir saída de líquido quando se coloca na posição de pé, quando tosse ou quando se coloca de cócoras. Na dúvida, a mulher dever sempre dirigir-se ao serviço de urgência.
Quando rebentam as águas? E se a minha bolsa romper antes do tempo?
A rotura da bolsa de águas antes das 37 semanas de gravidez é uma rotura pré-termo. Antes das 24 semanas a rotura da bolsa constitui uma situação de prognóstico muito reservado, já que o feto se encontra numa fase muito precoce do desenvolvimento.
Após as 24 semanas o desfecho da gravidez será teoricamente tanto melhor quanto mais avançada estiver a gravidez. A rotura implica sempre o internamento da grávida, sendo o objetivo da equipa médica manter o bebé in útero o maior tempo possível (idealmente até às 37 semanas), contando que não existam sinais de infeção (que implicariam induzir o parto, independentemente da idade gestacional) e que não surjam intercorrências no desenvolvimento do feto.
Os fetos continuam o seu desenvolvimento mesmo com a bolsa rota e sem o líquido a envolvê-los, recebendo tudo o que precisam através do cordão umbilical, podendo manter-se assim durante várias semanas (ou mesmo meses). Apesar disso, em aproximadamente 50% dos casos de rotura pré-termo, o parto ocorre na primeira semana após a rotura da bolsa. O objetivo do internamento é realizar terapêutica com antibióticos e vigiar a mãe e o feto para garantir que não surgem sinais de infeção e que o trabalho de parto não se está a iniciar espontaneamente.
Adicionalmente é hábito realizar-se a maturação pulmonar do feto (injeção na mãe que ajuda a preparar os pulmões do bebé para a vida extra-uterina se o parto vier a ocorrer). Após as 34 semanas, pode estar indicada a indução imediata do parto (se este não ocorrer de forma espontânea) ou manter a vigilância e esperar que se atinjam as 37 semanas de gravidez.
Se rebentarem as águas devo ir logo para a maternidade?
Em TODAS as situações de rotura de bolsa ou da sua suspeita a grávida deve dirigir-se de imediato ao serviço de urgência, independentemente da coexistência de dor ou da fase da gravidez (termo ou pré-termo).
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