Carlos Daniel Santos Mestre em Medicina, Licenciado em Saúde Ambiental e em Radiologia e investigador na área de Saúde da Mulher
MSD INVENTING FOR LIFE
Resultados da Vacinação Infantil
A vacinação infantil corresponde a um programa seguro e económico que permite os lactentes e as crianças de se protegerem de doenças. Descobre como a vacinação pode melhorar a saúde dos mais novos:
A vacinação infantil na União Europeia, em cujo programa Portugal se encontra integrado, pretende assegurar que os bebés e as crianças mais pequenas não contraiam doenças infeciosas que podem ser fonte de consequências, potencialmente, graves e até mortais, se os mais novos não se encontrarem protegidos.
Sabe-se que há 30 anos atrás as vacinas utilizavam cerca de 3.000 antígenos para proteger as crianças de 8 doenças infeciosas. Graças aos avanços científicos, hoje em dia as vacinas usam muito menos antígenos (305 antígenos) para proteger crianças, até os 2 anos de idade, de 14 doenças diferentes.
Em conjunto com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), a Comissão Europeia ressalva a importância dos país aderirem ao programa de vacinação, um método económico e seguro, que permite evitar surtos de doenças nos seus filhos.
Cada país da UE tem um programa de vacinação infantil onde está descrito que vacinas as crianças devem tomar e em que idade. Conhece o esquema geral recomendado de vacinas em Portugal:
Fonte: Direção-Geral da Saúde
Também podes consultar a nossa seringa interativa sobre o Progama Nacional de vacinação aqui.
Vacinas que melhoram a saúde das crianças
- Hepatite B
O vírus da Hepatite B é uma infeção hepática perigosa que pode evoluir para cirrose e cancro de fígado. Quando contraída em criança pode não se manifestar, a nível sintomático, durante décadas.
Em áreas altamente endémicas, este vírus pode ser transmitido da mãe para o bebé durante o nascimento (transmissão perinatal) ou através da exposição a sangue infetado (transmissão horizontal).A região do Pacífico Ocidental bem como a região africana são as zonas de maior preocupação, onde 116 milhões e 81 milhões de pessoas se encontram infetadas por este vírus.
O Programa Nacional de Vacinação, existente na União Europeia, oferece felizmente uma vacina que protege de forma segura e eficaz contra este vírus.
A vacina, por norma, é dada às crianças numa sequência de 3 doses:
- Nascimento;
- 1 a 2 meses de idade;
- 6 a 18 meses de idade.
2. Haemophilus influenzae tipo B (Hib)
O Hib corresponde a uma bactéria que provoca pneumonia, meningite e outras infeções severas a crianças com idade inferior aos 5 anos. Esta doença infeciosa é extremamente grave, tendo como tipo mais comum a meningite, que é uma infeção do tecido que cobre o cérebro e a medula espinhal.
Esta doença pode levar à morte ou deixar 1, entre 5 crianças, com danos cerebrais ou surda.
Em países subdesenvolvidos, onde infelizmente a rotina de vacinação contra a Hib não se encontra disponível, sabe-se que esta é uma doença infeciosa que continua a ser uma das principais causas de infeções do trato respiratório inferior em bebés e crianças.
A vacina é administrada em 4 doses:
- Aos 2 meses de idade;
- Aos 4 meses de idade;
- Aos 6 meses de idade (para algumas marcas, por favor consulte o seu médico);
- Entre os 12 e os 15 meses de idade.
3. DTPa
Esta é uma vacina tríplice viral, contra difteria, tétano e tosse convulsa, administrada a bebés e crianças em Portugal em 5 doses distintas.
- Aos 2 meses de idade;
- Aos 4 meses de idade;
- Aos 6 meses de idade;
- Aos 18 meses de idade;
- Aos 5 anos de idade.
Difteria é uma doença infeciosa que ataca as amígdalas da criança e a garganta, pelo que prejudica a deglutição e a respiração. Em casos de ordem grave pode ter implicações sérias em órgãos como o coração e rins.
Em 2017, foram reportados globalmente mais de 8 mil casos de difteria, sendo os países subdesenvolvidos, como a Etiópia e Índia, onde existe a maior incidência. 66% destes casos ocorreram em pacientes sem estarem vacinados e 63% eram menores (com menos de 15 anos de idade).
Outra infeção aguda a grave, que a vacina DTPa protege, é contra o tétano, que se caracteriza pela toxina do bacilo tetânico Clostridium tetani, que entra no organismo pelas feridas ou lesões da pele. O tétano manifesta-se em contrações musculares, caibras e convulsões, tal dificulta a deglutição (e.g. amamentação) e respiração.
O tétano continua a ser comum em países com inadequados ou inexistentes programas de vacinação, com fraco atendimento pré-natal, práticas tradicionais inseguras de cuidado do cordão umbilical e onde as mulheres dão à luz sem a assistência de profissionais de saúde totalmente treinados e capacitados.
Devido aos programas de vacinação o tétano neonatal foi eliminado da Europa, tendo o número total de casos de tétano diminuído de forma drástica, desde a década de 1950.
Por sua vez, a tosse convulsa corresponde a uma infeção aguda, causada pela bactéria Bordetella pertussis, que compromete o aparelho respiratório (traqueia e brônquios). Em alguns casos pode provocar pneumonia, problemas respiratórios e morte.
A tosse convulsa é uma das principais causas de morte evitáveis através da vacinação, em todo o mundo. A maioria das mortes registadas ocorrem em bebés que não foram vacinados ou que não apresentavam vacinação completa.
4. Poliomielite
Corresponde a um vírus de ordem muito contagiosa capaz de entrar por via fecal-oral ou respiratória da criança, e pode causar a paralisia total numa questão de horas. Entre 1 em 200 pessoas infetadas a paralisia total ocorre, sendo que 5 a 10% morre quando os músculos respiratórios deixam de funcionar.
Infelizmente, não existe nenhum tratamento para aliviar os sintomas, após a paralisia ocorrer.
Devido ao programa de vacinação, os casos de poliomielite diminuíram mais de 99% a partir de 1988, onde se registaram cerca de 350 mil casos para 29 casos registados no ano de 2018.
Em Portugal, o Programa Nacional de Erradicação da Poliomielite iniciou-se em 1995, de acordo com as regras instituídas pela Organização Mundial de Saúde
Todos os lactentes e crianças devem ser imunizados com a vacina contra poliomielite. A vacinação deve ser administrada:
- Aos 2 meses de idade;
- Aos 4 meses de idade;
- Aos 6 meses de idade;
- Aos 18 meses de idade;
- Dose de reforço aos 5 anos de idade.
5. Streptococcus pneumoniae
A vacina contra a bactéria Streptococcus pneumoniae, comumente conhecida como vacina contra a pneumonia, protege as crianças de infeções pneumocócicas graves ou mesmo fatais.
Os problemas de saúde podem variar, desde meningite bacteriana, pneumonia, otite média, bacteremia a sinusite.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que Streptococcus pneumoniae mata cerca de meio milhão de crianças menores de 5 anos, a nível mundial, a cada ano. A maioria destas mortes ocorre em países subdesenvolvidos.
A vacinação universal com Pn13 corresponde a um esquema de três doses:
- Primovacinação – 2 doses, 1 aos 2 meses de idade e outra dose aos 4 meses de idade;
- Reforço único – aos 12 meses de idade.
6. Doença invasiva meningocócica (tipo B e C)
É uma infeção causada por uma bactéria chamada Neisseria meningitidis, apesar de existirem 13 grupos, na Europa predominaram nas últimas décadas problemas associados com o grupo B e C, tendo os casos diminuído drasticamente (com especial foco no grupo C), após a introdução da vacina.
A doença pode ser transmitida por contacto direto com secreções nasais e da garganta, sendo as crianças com 6 meses a 3 anos de idade os mais facilmente infetados.
A meningite pode causar febre, cefaleia, erupção cutânea de coloração vermelha e rigidez da nuca. Paralelamente, também pode causar náusea, vômitos e sensibilidade à luz.
A vacina contra Neisseria meningitidis B é adminstrada:
- Aos 2 meses de idade;
- Aos 4 meses de idade;
- Aos 12 meses de idade.
Em relação ao tipo Neisseria meningitidis C:
- Aos 12 meses de idade.
7. Sarampo, parotidite epidémica (papeira), rubéola
A vacina combinada contro a sarampo, a paratidite epidémica e a rubéola (vacina VASPR) é administrada a sua 1ª dose aos 12 meses de idade e a 2ª dose aos 5 anos de idade.
O programa de vacinação contra o sarampo (infeção provocada por um vírus, caraterizada por febre, tosse, conjuntivite, corrimento nasal e manchas vermelhas na pele) iniciou-se em 1973, com uma campanha direcionada para crianças até aos 5 anos de idade.
A parotidite é uma doença transmissível, viral e aguda da infância que provoca inchaço de uma ou de ambas as glândulas parótidas. Ao passo que rubéola tem um carácter transmissível caracterizado por erupções vermelhas na pele da criança.
A vacina combinada (VASPR) é a única forma eficaz de prevenir estas doenças, sendo que cerca 98% das crianças desenvolvem anticorpos logo na 1ª dose e cerca 99% na 2ª dose.
A doença ainda é muito comum na Europa, pelo que é imprescindível que a imunidade de grupo se mantenha através do cumprimento dos programas definidos pela DGS.
8. Papilomavírus humano (HPV) e TD
Outras vacinas que são posteriormente administradas em crianças já com 10 anos de idade são:
- A vacina HPV: tem como objetivo proteger o jovem contra infeções que podem provocar cancros ao nível cervical, vaginal e vulvar em mulheres; no pénis nos homens; anal, garganta e verrugas genitais em ambos os sexos. É recomendada a administração da 1ª dose e 2ª dose aos 10 anos de idade.
- A vacina contra tétano e difteria (Td): protege contra as toxinas produzidas pelas bactérias do tétano e da difteria, que corresponde a uma dose de reforço à vacina DTaP administrada na infância. Esta vacina contém a mesma quantidade de vacina contra tétano, mas uma quantidade menor de vacina contra difteria e coqueluche.
Para saberes mais sobre o Progama Nacional de Vacinação, que doenças protege e como teu bebé beneficia com a administração destas vacinas, por favor consulta o site oficial SNS e fala pessoalmente com o teu médico.
O conteúdo aqui apresentado é da exclusiva autoria e responsabilidade do seu autor, não tendo a MSD qualquer controlo sobre o mesmo.
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